segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

CAESPERMAINDO





Um brilho abre a porta azul do infinito e em pleno amanhecer eu dou um grito.

Meu grito cruza o espaço e abraça o alvorecer, pois sou o pênis feito de luz que reluz no céu, faço a madrugada abrir as pernas e o dia entrar lentamente.

Completo o ato com pingos de orvalho, meu êxtase vai se realizando com o calor do sol que logo nascerá, pois sou o esperma que cai sobre todos e fecunda os dias que virão.

Sou a poesia, sou o delírio, sou a loucura, sou o colorido da aurora boreal que encanta a humanidade no despertar de cada sonho.

Eu sou a vida que nasce no começar de cada dia.

Zema Farias

A VIDA VAI






A vida vai
Esvai-se por entre os dedos
Como sangue
Com medo do assassinato
Escorre pelas ruas
Desconcertadas
Deslavadas
Imundas
Que guarda pegadas
Das sombras da noite
Dos segredos
Dos medos
De quem não pode falar.

A vida vai
Sumindo na noite
Como uma cigana sem destino
Procurando sua sina
Desesperada.

A vida vai
Desiludida
Estúpida vida
Que fere
Que adere
Que insere
Em teus restos de lixo
Quem só sabe te amar!



Zema Farias
Agosto/2007

ANJO NEGRO



Perdido!
Em meio de trevas
Pensamentos tortos
Amores mortos
Sem luz no final.

Perdido!
Envolto à fumaça
No meio do umbral
Com roupas rasgadas
De baixo astral.

Perdido!
Chora no escuro
Procura saída
Para curar a ferida
A dor mais doída
De seu coração.

Anjo negro
É branco o teu dia
Tu não sabes que um dia
Justamente, naquele dia
Você se salvou!
Zema Farias

ANESTESIA POÉTICA





O vento corta o meu pensamento em finas laminas de recordações, percebo que as idéias são levadas pelo infinito e fico sozinho tentando recompor a realidade dos fatos, porém sinto-me anestesiado poeticamente, mas frente a frente com uma poesia sem rimas, sem cor, sem cheiro, sem calor e que insiste em não querer se mostrar.



A fragrância poética que circulava o ventrículo esquerdo de meu coração desgovernou-se, em busca de uma nova forma de poetizar meus pensamentos e com esta anestesia realizou uma cirurgia em meus sonhos. Agora me sintonizo apenas com os restos de fantasia que ficaram para colorir a minha vida.



Zema Farias

domingo, 31 de janeiro de 2010

AÇAÍ



Bebida que me faz bem
Com sabor de Amazônia
Que alimenta meu povo
Sustentando seu viver
Nossa palmeira exótica
De caule fino e forte
O sumo do teu fruto
É gostoso de beber
Tem cheiro marajoara
Vinho Tinto do Norte
Que faz o povo mais forte
Quero-te sempre aqui
Quero que nunca falte
Na mesa dos paraenses
O delicioso açaí.

Zema Farias

COM PUTA DOR



Meu confidente
Onde escrevo
Disfarçadamente
Os registros Transparentes
De meus sentimentos
Meus lamentos
O meu dia a dia
Num pedaço de poesia
Que fria, fria
Deixa-me com puta dor
E não aquece o meu ser
De um amor digitado
E logo deletado
Antes da conexão
Com a vitrine virtual
Minha relação com a máquina
Não recupera o amor perdido
Não acaba com esta dor
Nas letrinhas que escrevo
Na tela do computador.
Zema Farias
11/12/2007